Texto retirado de um manifesto de Lorenzo Pena - Descrição das touradas em Espanha
Antes de entrar na arena , o touro foi submetido no curral - uma horrível masmorra - a horríveis maus tratos e vexames, cortam-lhe os cornos , fazem-no padecer sob o peso de enormes sacos de areia durante horas, etc. No fim dessa tortura prolongada, as patas são lavadas com aguarrás para que não consiga ficar quieto; os olhos são cobertos com vaselina para diminuir a sua deficiente visão. Golpeiam-no com instrumentos pontiagudos e cortantes para obrigar a entrar no redondel. O pobre animal, assustado, trata de fugir. Só vê cores fortes e quentes e tenta escapar, sem saber que é uma vil e canalha armadilha dos torturadores e assassinos para o martirizar e como se tal não chegasse para troçar dele. Começa a lide. Submetem-no a três estocadas. ( Da enciclopédia QUID tirámos esta referência: o touro Almendrito foi submetido a quarenta e três estocadas em 1876. Quando excepcionalmente um touro não está meio morto após a segunda ou terceira estocada, infligem-se estocadas adicionais até que tenha perdido quase toda a sua vitalidade e fique moribundo). A vara , e por disposição "legal", é de aço cortante terminada por um arpão de 10 cm, seguido por uma cruzeta ou várias; a cruzeta é um disco, que frequentemente penetra profundamente no corpo do animal ; o picador com perícia, abre no touro um enorme buraco, que pode ser de quase meio metro, girando com raiva o seu instrumento de tortura, vai perfurando e despedaçando os órgãos internos do animal. A hemorragia assim causada, provoca uma torrente de sangue, que não só cai abundantemente no chão através das feridas externas, como também escorre pela boca. A seguir vêm as bandarilhas, também de aço cortante e afiado (segundo manda o Boletin Oficial del Estado). Algumas bandarilhas têm um arpão de 80 mm (as de castigo, às quais é submetido o pobre touro , quando logrou fugir das estocadas); as outras são um pouco menos largas. As farpas espetadas profundamente pelos bandarilheiros no corpo do touro causam uma dor atroz a cada movimento do animal, porque abanam e torcem-se , continuando até ao último minuto da sua desgraçada vida a rasgar e a aumentar as profundas feridas internas. O número de farpas não tem limite; tantas quantas sejam precisas para deixar o touro meio morto. A espada do matador também nem sempre o mata, antes pelo contrário. Então vem a faena dos picadores que com sucessivos golpes de punhal reduzem os seus últimos sinais viatis até o fazerem morrer ensanguentado, asfixiado, numa agonia lenta que faria estremecer qualquer pessoa misericordiosa. E dos apontamentos de Gilpérez, tirámos este( da mesma fonte, o QUID, nada suspeito de parcialidade anti-tourada ou anti-aristocracia, antes pelo contrário ! ) quando excepcionalmente o touro , pela sua bravura , foi "indultado" ( que palavra ! : "indultado" como se fosse um delinquente e não a vítima! ), tem que ser sacrificado porque está totalmente desfeito internamente. Tal foi o caso do touro Jaquetón, por exemplo. Tais dados não podem deixar ninguém indiferente. Não nos venham com sermões que é preciso abrandar a luta contra a tauromaquia, até que o ser humano tenha uma vida melhor, ou até que haja uma justiça melhor, ou comunismo, ou seja lá o que for. Os trabalhadores não merecem melhor sorte, Espanha não merece melhor sorte, a família não merece melhor sorte, enquanto continuarem a perpetrar ou consentir crueldades sistemáticas desta envergadura, ainda por cima como espectáculo de diversão.E quanto à ganância dos poderosos estes matam dois coelhos com uma só cajadada: embrutecem as pessoas, degradam-nas, afastam-nas dos ideais de bondade consonantes com planos de justiça e de uma sociedade igualitária, generosa e fraternal; e entretanto fazem grandes negócios à custa dos dinheiros públicos.