Domingo, 20 de Dezembro de 2009
Catalunha anti-taurina - outra vitoria
Espanha: Parlamento da Catalunha aceita debater proibição de touradas
O parlamento da Catalunha (nordeste de Espanha) aceitou hoje debater em 2010 uma Iniciativa Legislativa Popular (ILP), que recolheu mais de 180 000 assinaturas, para proibir as touradas.
O debate da ILP foi aprovado por 67 votos a favor, 59 contra e cinco abstenções. Esta é a primeira etapa de um processo legislativo no final do qual a Catalunha poderá ser a primeira região de Espanha, além das Ilhas Canárias, a proibir as touradas. As Canárias proibiram as touradas em 1991.
A ILP, apresentada pela plataforma «Prou» (Basta), reflecte a força crescente dos opositores das touradas na Catalunha. As únicas praças de touros a organizar corridas são as de Barcelona.
A iniciativa reclama uma revisão da lei catalã de protecção dos animais, que proibe actualmente matar ou maltratar os animais durante espectáculos públicos, à excepção das corridas de touros.
A sociedade catalã está pronta para a abolição das touradas e o fim da «tortura dos animais como espectáculo», consideraram os promotores da ILP, Leonard Anselmi e Ana Mula, congratulando-se pela decisão do parlamento.
A 06 de Abril de 2004, Barcelona passou a ser o primeiro município de Espanha a proclamar-se uma cidade antitauromáquica, através de uma declaração institucional aprovada na Câmara Municipal.
Os defensores das touradas alertaram para um «atentado contra as liberdades», visando o «património cultural» tauromáquico. É um «erro muito grave», a favor de uma minoria que rejeita as corridas, afirmou o criador de touros, Victorino Martin.
A «Mesa do Touro», plataforma que representa um sector em crise, prometeu lutar no parlamento catalão em 2010, afirmando que Espanha não pode passar sem uma actividade criadora de empregos (cerca de 40 000) e riqueza.
De acordo com o diário espanhol El Pais, as touradas espanholas, em dificuldades devido à crise económica, está a perder público. Em 2009, só se realizaram 900 grandes espectáculos tauromáticos em Espanha, menos 350 que em 2008.
O debate na Catalunha é seguido com muita atenção no sul de França, onde a tradição tauromática permanece viva. Uma centena de personalidades políticas francesas escreveram aos deputados catalães a pedir a rejeição do debate da ILP.
Petição por Setubal anti-taurino
Destinatário: Câmara Municipal de Setúbal
Petição "Cultura Sim, Tourada Não"
Exm.ª Senhora Presidente da Câmara Municipal de Setúbal:
Exm.º Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Setúbal:
Considerando que: (1) Setúbal deixou, há já bastante tempo, de ser uma cidade onde a tauromaquia é uma actividade regular e importante, onde apenas ocasionalmente se têm realizado Corridas de Touros; (2) a recente notícia de que a Praça de Touros Carlos Relvas será felizmente reaberta como uma Praça Cultural mas pretendendo-se lamentavelmente que nela possam continuar a ser realizadas Corridas de Touros; (3) tal facto está a ser muito contestado socialmente, nomeadamente pelos muitos setubalenses que se opõem à tauromaquia; (4) é dever dos humanos respeitar os animais, sendo de destacar que a maioria dos portugueses, de acordo com sondagens insuspeitas e investidas de cientificidade, isenção e rigor, declaram querer que as touradas sejam proibidas por lei em todo o país e que as cidades e vilas em que residem sejam declaradas cidade e vilas anti-touradas, pelos respectivos municípios, através da implementação de compromissos municipais de não-autorização da promoção e realização de touradas;
Os cidadãos e as cidadãs abaixo assinados vêm, no exercício cívico e político do seu direito de petição, pedir à Câmara Municipal de Setúbal e à Assembleia Municipal de Setúbal, na pessoa de V. Exas., que adopte as seguintes decisões:
1.ª: Declarar Setúbal uma “cidade anti-touradas”, tal como o fez a Câmara Municipal de Viana do Castelo, quando declarou esta a primeira “cidade anti-touradas” de Portugal (à semelhança do que aconteceu em mais de 65 localidades em Espanha e em tantas outras noutros países onde as touradas ainda subsistem);
2.ª: No âmbito da primeira decisão, exercer, até à extensão máxima do possível, o poder de decisão e influência política que aos organismos a que V. Ex.as presidem está reservado para levarem a Praça de Touros Carlos Relvas a reabrir como Praça Cultural onde não sejam admitidas quaisquer actividades tauromáquicas;
3.ª: No âmbito da primeira e segunda decisões, expressar a vontade institucional do Município de Setúbal de que não sejam promovidas ou realizadas quaisquer corridas de touros ou outras actividades tauromáquicas no concelho de Setúbal e decidir, nesse sentido, não conceder – em tudo o que para tal dependa de licença ou autorização do Município de Setúbal – qualquer licença ou autorização para a realização de actividades tauromáquicas no concelho de Setúbal.
Os Peticionários